23 dezembro 2014

luis alberto de cuenca / os gigantes de gelo



Os Gigantes de Gelo tornaram a visitar-me.
Não em sonhos. À luz do dia. Com elmos
reluzentes e o rosto selvático e maligno.
Senti tanto medo que nem fui capaz de dizer-lhes
que tinhas partido. Investigaram tudo,
amaldiçoando a hora em que Deus criou o mundo,
jurando pelos dentes do Lobo e pelas fauces
do Dragão, cuspindo terríveis ameaças,
blasfemando e destruindo os livros e os discos.
Ao ver que tu não estavas, foram-se, não sem antes
garantir que dariam com o teu novo esconderijo
e serias sua escrava até ao fim dos tempos.
Onde estejas, meu amor, não lhes abras a porta.
Ainda que se façam passar por homens de minha confiança
e te garantam que sou eu que os envia.


luis alberto de cuenca
tradução de manuel rodrígues 




Sem comentários: