11 dezembro 2012

fernando echevarría / prólogo




Do outono que termina
nenhuma coisa é perto.
Cada uma culmina
em tudo ser aberto

e claro movimento
sem uma qualquer história.
Que ser no pensamento
é obra sem memória.

Ou, se memória fosse,
da longa caminhada
guardaria o que trouxe

- a paz de ser pensada
e uma mágoa doce
de outono e de mais nada.


Aonde formos iremos
pensando esta luz que passa.
Esta luz que, agora, vemos
molhada além da vidraça

mas que, pensada, ilumina
outro rio e outra rua
e muda mesmo à retina
o modo de se ver sua.

Sem que, por isso, no rio
mude, ou na rua, o passar.
Tudo segue o mesmo fio

em retina igual. Só o ar
tem um contorno mais frio
na margem de ver passar.



fernando echevarría
introdução à filosofia
edições nova renascença, porto
1981




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