18 abril 2011

josé blanc de portugal / soneto martelado

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A tarde, e por de mais calma,
Afogou-me o que ficara da partida
Tudo que inventara, essa mentira querida
Que ficara fazendo as vezes da alma.
Passa e segue a triste gente calada
E o correio e a luz quebrada no muro
Trazem a tarde, recortando duro
O perfil triste e morno desta minha estrada.
E choca e vem de mim até ao céu polido
Liso e puro e sempre igual estendido
Sobre mim e a rua desolada,
Uma ilusão que nada tem de alada
E é feita de aço puro e diamantes:
Não querer tornar-me no que era dantes.




josé blanc de portugal
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001

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2 comentários:

josé luís disse...

(mas por quem sabe martelar...)

Elcio disse...

Metamorfoses as quais estamos sempre sujeitos.