13 fevereiro 2008

ruínas






corre
pelas ruínas de si

o corpo
ao relento da vida

dentro do corpo
lugares desconhecidos

estações ermas
onde deixou recados

e inventou
imóveis paisagens

que nenhum tempo
pode esgotar

escreveu memórias
enviou cartas

que ainda hoje
cruzam altíssimos céus

singulares oceanos
remotas geografias

sem que um nome
se levante

uma saudade
se acenda

ou uma resposta
se construa

mas corre
corre ainda

pelas ruínas
de si

o olhar
senhor dos horizontes

romeiro
das santas cidades

domador
das bestas ferozes

que nos ombros severos
sustentam a cúpula

dos sonhos
letais


e canta
melancólicos versos

que nas ruínas de si
ressoam

como o recitar das baleias
nos telhados febris

de uma casa
que guardasse a loucura









gil t. sousa
poemas
2001






2 comentários:

Anónimo disse...

Opção pelo blog ó Gil.

Uma visita ao canal tb não era mal pensado.

Isabel

Anónimo disse...

nunca tinha pensado nisso: um recital para baleias :)

de gil t. sousa - um escrevedor de memórias guardadoras :)