14 fevereiro 2007

não pares de me chamar




não pares de me chamar
faz de mim o sul dos teus rios

põe-me céus de vertigem nos dias
ou mares
põe-me mares nos instantes
e acende-me nos olhos
um bonito grito
como se eu fosse a madrugada
ou aquela hora
em que numa pedra branca
me desenhas o mundo
e eu me arrependo
de enlouquecer

leva-me
leva-me pelos telhados mais altos
e ensina-me os horizontes sem fim
as árvores antigas
onde as cores das estações se escondem
onde começam os caminhos
onde acabam as fugas
onde terminam as procuras

e dá-me as cidades
as mais longínquas
as que crescem das casas que sonhaste
e põe-me a teu lado

debruça-me nessas janelas
para nenhuma solidão







gil t. sousa
poemas
2001






3 comentários:

lena disse...

belo!

senti o grito

senti o eco

senti a hora a chegar desenhada nas paredes dos caminhos


ler-te é sempre um grande prazer


beijinhos gil e quero mais

lena

Anónimo disse...

Poema belissimo.

Van disse...

Olha só o que eu achei!
Belo... Belo... Belo....
Belo toda vida!
Ler-te é uma delícia!
Beijuca