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21 agosto 2023

joão rebocho / faltaste um verão

 



 

faltaste um verão
e outro
o recolher obrigatório
anos depois
faltaste o
não devias ter vindo
 
 
 
joão rebocho
vende-se gelo
heteronimus
2023




24 setembro 2022

joão rebocho / no largo da catedral de santiago

 



 

no largo da catedral de Santiago
num dos cantos
com uma máquina de música:
à margem do senso comum
Francisco António
adotado pela dark web,
vive de fazer algemas,
alguma serve-me
e eu:
qual a imperfeita?
a eterna?
 
 
 
joão rebocho
munições infinitas
heteronimus
2022

 





16 setembro 2021

joão rebocho / nasces sozinho

 
 
nasces sozinho
caminhas e morres sozinho
 
nunca falta ninguém
nem para a cara suja de sangue,
nódoas difíceis
ou inaceitável
 
para te sentires uma lástima
não te falta ninguém,
para caíres
para um valente tombo na estrada de Ciudad,
tu estás
muito bom
 
 
 
joão rebocho
cão girafa
heteronimus
2021






29 agosto 2020

joão rebocho / saíres do teu corpo





saíres do teu corpo
ou deste livro
da cena de ver de longe
o teu corpo,
e como ficaste velho
duas horas até aos correios,
velho ou criança
ou fantasma
ou cansado de trabalhar no farol
subir ao farol
com um fósforo
aceso, e o vento
o equívoco
muda para inequívoco,
depois
ninguém compra, e tu
teres uma velhice miserável



joão rebocho
não reclamados
heteronimus
2020






18 setembro 2019

joão rebocho / quando quase casaste







quando quase casaste
mandei-te quase
seis meios cavalos
a breve saudação,
eu era só a tua personagem
atravessada no livro
mãos nos bolsos e a profunda
abstração
da turma toda
adormecida,
quase em tua casa a mãe de Dario,
esse também é Alexandre
quando chamou-me Alexandre
quase, disse Alexandre



joão rebocho
o ano ímpar
edição do autor
2019







20 agosto 2018

joão rebocho / chegamos iluminando






chegamos iluminando:
formidáveis deuses novos
adolescentes com revólveres
rapazolas a fumar
duas da manhã e a louça intacta
no balcão dos bares
caímos de pé
absolutos absolut
advocacy e excesso
puros olhos de joalharia
transparentes
imberbes esterilizados
água tónica gin e
arquitectura
Homero em língua francesa
os porteiros apagavam-se
e as discotecas?
o maior rio da Europa


joão rebocho
mentira vontade
edição do autor
2018





12 outubro 2016

joão rebocho / a vida adulta



a vida adulta
escapando entre as gotas
da chuva
e do talento
até ficar velho
depois
mais velho as
portas não fecham
poemas jornais amarelos a tua foto
a cafeteira esquecida
incandescente
os teus amigos mortos
com saudades de ti
o poema igual

indecisa
a casa na esquina
entre arder e não arder
morte ou ruína
que faz aqui um homem vitorioso?
em silêncio
adeus memória


joão rebocho
ruas lavadas
edição do autor
2016




24 novembro 2015

joão rebocho / escrevo


escrevo
obrigado a fazê-lo
o tempo as religiões todas
em dívida sujeito
exposto
grato vencido
com violência
dominado
todos os dias
as mãos
atadas cordas
submisso silêncio

frio sem laços afectos
viver sozinho
anos de séculos
feito homem
à imagem e semelhança
homem
um perdido
coberto de bruma
sem nada dentro

se alguém pegasse
nesta mão



joão rebocho
rapazas e raparigos
edição do autor
2015