03 outubro 2016

carla diacov / prólogo





tortuosa a questão de ser dita
dita a coisa que não ao vento pelas narinas
incompreensivos estofos da angústia e do desejo verborrágico
em ver narinas com gengivas
explico
há esse braço com dentes e dedos
enfiado numa boca por aí
era de datilografar em folhas e pétalas e era
de espalhar junto do vento agarrar
vestidinhos pelas anáguas
mas aí o mar
credos antes das pessoas
pessoas antes de serem orelhas que gritam diabo de mar
agora aqui
coisa abraçada em papel carinho e tinta
e tenho dito ainda o mar entre
um braço e outro uma orelha e outra e
isso tudo ainda das conversas
unificadas pela unha crescendo a dedinhos dados
ecos das línguas de fora do bucho mãe
e ninguém
muito menos você
vai poder dizer que eu não sou o comichão nas tuas
pregas vocais

irmã minha irmã

MarlaDiacov


carla diacov
ninguém vai poder dizer que eu não disse
douda correria
2016





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