21 outubro 2016

andrea zanzotto / ervas e manes, invernos



Piedade para finitos e infinitos,
memórias
talvez distorcidas, retorcidas,
mas que em qualquer lugar, onde quer que seja,
por vós mesmas cresceis
e p’ los vossos intrínsecos olvidos,
ervas, ervas, Manes, tardes nossas..

Limalhas de irídio, estilhaçados quartzos
na obscuridade que o inverno instila,
agudas escarpas
tornadas vãs p’ la violeta,
mas que a vós sempre chegam
a ervas, ervas-Manes…

Frívolos Jovens Manes,
silvos talvez gelados,
gemidos de elfos
em suaves suplícios
poa pratensis, poa silvestris,
retraídos movimentos e
escasso predomínio de verde: eis
que já aqui se convocam incitando, incitando,
assim, a que em amplos obnubilados prados
consoleis a violeta,
consolação roubada à violeta.

Oh, além, p’ los desfiladeiros,
poa pratensis, Manes, poa silvestris,
à não mais inconsútil túnica
do mundo a céu aberto
providenciareis? Ttsch, sst, zzt
Salvareis?




andrea zanzotto
trad. luís pignatelli
a rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001


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